Já vi muitas produções sobre a Segunda Guerra, todas seguindo um certo padrão para narrar os horrores desse período. Zona de Interesse (2024) definitivamente não é uma dessas produções.
O filme é baseado num livro homônimo de 2014, de Martin Amis, que nos apresenta a vida cotidiana de uma família alemã nazista vizinha de Auschwitz, campo de concentração que se tornou maior símbolo do Holocausto. Eis a sinopse:Com direção de Jonathan Glazer, ZONA DE INTERESSE é um retrato impactante de uma família nazista vivendo nas proximidades de Auschwitz. No filme, Rudolf Höss (Christian Friedel), o comandante de Auschwitz, e sua esposa Hedwig (Sandra Hüller), desfrutam de uma vida aparentemente bucólica em uma casa com um jardim ao lado do campo de concentração.
Em Zona de Interesse, o horror está na sutileza dos detalhes: na fumaça ao fundo, sons de tiros, gritos, às vezes no silêncio e até em telas pretas... sempre em segundo plano e camuflado no cenário de uma vida comum, tranquila e visualmente agradável (não para quem vê, mas pra quem vive). É um retrato nítido da banalização do horror, da desumanização das personagens diante de um genocídio que ocorre literalmente no seu quintal, e da sua completa apatia e preocupações banais. Algo que é mais assustador que qualquer cena explícita de violência. Sabemos (nós e os personagens) o que acontece por trás daqueles muros, sem precisarmos assistir uma cena sequer.
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(Reprodução) |
Uma experiência bem desconfortável e de muitas camadas, todas que nos tocam num lugar muito comum: o da normalização da violência, da banalização do mal, a ascensão social às custas de lágrimas, suor e morte dos excluídos.
Um filme absolutamente necessário, que fez cinema com C maiúsculo. Quem puder, assista.
★★★★★