13.9.23

Coisas que ninguém te conta sobre a vida adulta


A ciência diz que a vida adulta começa aos 21 anos de idade. Isso significa que estou atravessando essa etapa há treze anos. Somando, são aproximadamente 4.745 dias dormindo e acordando como uma mulher adulta e, supostamente, independente. O que esses cálculos querem dizer? Nada. Ainda hoje, ser uma mulher adulta é um certo mistério pra mim.

No auge da minha adolescência, quando eu me imaginava aos vinte poucos anos, tinha absoluta certeza que teria uma vida totalmente resolvida. "Advogada, casada... talvez um filho." Quando se pensa nessa idade, parece muito tempo pra conseguir se organizar o suficiente pra ter uma vida estável. Spoiler: não é. Não pra mim, não pra muita gente.

Ser adulto custa caro, custa - tentar - manter a saúde mental sob controle, muita bateria social, força na coluna e bastante resiliência. 

A gente aprende, nem sempre da maneira mais simples, que mesmo em dias ruins a única opção é engolir seco, sair da cama e encarar o dia. Os boletos chegam, se acumulam, atrasam e pressionam. Os problemas não se resolvem sozinhos e ignorar não faz com que eles desapareçam.

A coluna doi, o joelho doi, a cabeça doi. A gente chora no banho, chora antes de dormir, chora. A louça se acumula na pia, o cesto de roupa suja transborda, a salada que você jurou que ia comer fica lá no fundo da geladeira vendo você pedir o 5o delivery da semana...
mas a grande magia da vida adulta é entender que, mesmo quando nem tudo está sob controle, ainda sim, tá tudo bem. O sol nasce todo dia e a vida segue. Se hoje não deu, amanhã a gente tenta outra vez. Seus amigos estão vivendo processos semelhantes e ninguém solta a mão de ninguém.

Se tá ruim, a gente encomenda salgado de festa pra comer fora de época. Bebe um vinho em dia de semana, estoura o cartão com compras on-line, assiste Sex and the City e escolhe uma personagem pra falar "ela é muito eu". E a gente tem o prazer de olhar até as pequenas conquistas e falar "caralho, eu que fiz!!!!!!!" e isso não tem preço.

Ser adulto é como ser uma planta, só que uma planta com sentimentos complexos. Além de água, sol e adubo, as vezes a gente precisa de terapia pra seguir brotando.

Tão suave quanto descer uma corredeira à bordo de um bote inflável

12.9.23

Blogar é arte, voltar faz parte

Das poucas certezas que tenho na vida, [re]começar um blog é uma delas. Esse talvez tenha sido meu maior hiatus longe da blogsfera (e mesmo assim criei uma newsletter), mas inevitavelmente, aqui estou.

Eu queria muito ser dessas pessoas que conseguem manter o mesmo blog por anos e anos, com um arquivo imenso da própria vida, pra voltar e reler quando sentisse saudades... mas já me conformei que não sou assim. Minha inquietude não permite e, quase sempre, não gosto do que escrevo. Sabe aquele efeito de tirar uma foto bonita de si mesmo mas, quanto mais você olha pra ela, menos você gosta? Sou assim com meus textos também.

Mas, apesar dos pesares, eu sempre volto. Volto pq sinto saudades de compartilhar bobagens do dia a dia, memórias, imagens... uma colagem de vida real que a gente joga pro mundo ver - ou não. Mas volto principalmente pq amo ler os textos despretensiosos que as pessoas ainda ousam escrever e publicar, contrariando todas as regras de SEO e essa bobajada de engajamento que rege nossas vidas virtuais. 


Eu sou uma mulher de gostos simples. Aprecio uma cervejinha em dias quentes, literatura policial, séries de comédia, filmes de terror, podcasts de true crime, comidas gostosas, café forte, chocolate ao leite, roupas confortáveis, fotos analógicas, água gelada, música alta no fone de ouvido, água de coco na praia, amendoim japonês, bolinho de arroz, miojo de tomate da Turma da Mônica, vinhos que custam menos de 50 reais, vídeos de bichos fofinhos, itens de papelaria, acessórios dourados, dormir com o ar condicionado ligado, comprar livros novos, dias frios, o bafinho das minhas cachorras, carinho nas costas... enfim, o básico. 

Não gosto de segundas-feiras e, por isso, esse blog nasceu numa terça. É sobre isso que sinto falta de falar mais, registrar mais, trocar ideias e experiências ou só criar um index do cotidiano.

Não é nada incrível, imperdível, super original... mas é um pouquinho de mim nesse oceano de conteúdos não-conteúdos que virou a internet. E que esse seja um começo de algo simples e lindo!