28.2.24

#Assisti 1: Zona de Interesse

 


Já vi muitas produções sobre a Segunda Guerra, todas seguindo um certo padrão para narrar os horrores desse período. Zona de Interesse (2024) definitivamente não é uma dessas produções. 

O filme é baseado num livro homônimo de 2014, de Martin Amis, que nos apresenta a vida cotidiana de uma família alemã nazista vizinha de Auschwitz, campo de concentração que se tornou maior símbolo do Holocausto. Eis a sinopse:
Com direção de Jonathan Glazer, ZONA DE INTERESSE é um retrato impactante de uma família nazista vivendo nas proximidades de Auschwitz. No filme, Rudolf Höss (Christian Friedel), o comandante de Auschwitz, e sua esposa Hedwig (Sandra Hüller), desfrutam de uma vida aparentemente bucólica em uma casa com um jardim ao lado do campo de concentração.
Em Zona de Interesse, o horror está na sutileza dos detalhes: na fumaça ao fundo, sons de tiros, gritos, às vezes no silêncio e até em telas pretas... sempre em segundo plano e camuflado no cenário de uma vida comum, tranquila e visualmente agradável (não para quem vê, mas pra quem vive). É um retrato nítido da banalização do horror, da desumanização das personagens diante de um genocídio que ocorre literalmente no seu quintal, e da sua completa apatia e preocupações banais. Algo que é mais assustador que qualquer cena explícita de violência. Sabemos (nós e os personagens) o que acontece por trás daqueles muros, sem precisarmos assistir uma cena sequer. 


(Reprodução)

Uma experiência bem desconfortável e de muitas camadas, todas que nos tocam num lugar muito comum: o da normalização da violência, da banalização do mal, a ascensão social às custas de lágrimas, suor e morte dos excluídos.

Um filme absolutamente necessário, que fez cinema com C maiúsculo. Quem puder, assista. 
★★★★★

22.1.24

Olhar o copo meio cheio

Para ler ouvindo Dinossauros - Dingo Bells

O show tem que continuar (Via Freepik
Faz algum tempo que tenho tentado escapar dos clichês de fim de ano, mas é quase inevitável a gente não se pegar fazendo uma reflexão que seja. 

Não pensei muito pra fazer esse texto, mas me vi abrindo o computador em plena manhã do dia 30 de dezembro e lembrei que há alguns meses eu tinha decidido voltar a bloggar. *risos da plateia* Essa que também foi uma das minhas muitas falhas empilhadas no banquinho empoeirado que mantenho no canto do quarto. Mas estou me adiantando...


2023 foi um ano difícil e eu demorei muito a assimilar essa informação. Já vivi sofrimentos maiores e, de certa forma, parecia meio injusto com meus outros problemas que eu estivesse, mais uma vez, sentido que a vida estava um pouco complicada. E talvez essa seja uma lógica que só faça sentido na minha cabeça, mas tudo bem. 

A verdade é que a gente costuma olhar para o copo sempre meio vazio, pq muitas vezes os problemas parecem (e as vezes são) maiores que as conquistas. Mas ainda que não sejam muitas, as glórias também estão ali e merecem ser lembradas, vividas e celebradas.

Esse ano eu consegui fazer algo que já era desejo há algum tempo: me mudei para o Rio de Janeiro. Um processo que não foi fácil (e muito menos barato), mas que foi uma realização foda. E foi olhando pra trás que percebi uma coisa: estava deixando de aproveitar o que podia, para lamentar pelo que não podia. E mesmo que eu tenha começado esse post em 2023 e terminado somente agora, em 2024, a reflexão ainda é válida e muito viva. E é igualmente uma conquista.

Que em 2024 a gente tenha mais coragem pra aproveitar as coisas boas, sem medo das coisas ruins. Feliz ano novo e nos vemos em breve! ♡